Amor em casamento é algo que se esquece, que desaparece, toma
outro rumo; amor em casamento é como uma estrela que brilhou até o dia em que o
desenganado respira fundo e põe a bendita aliança. Não adianta, é a vida (pelo
menos a minha).
Fico pensando, o que é isso que assistimos quando levantamos
pela manhã, em forma de um disco, cuja claridade parece-nos cegar, mas que, ao
mesmo tempo, é tão agradável e simplória que nos rende a esse capricho de
maldoso.... Quando eu era solteiro, chamava isso de Sol!
Penso naquele aroma maravilhoso que um dia sentia quando a
chuva caía ao chão empoeirado, formado nuvens tenras e ao passo gostosas de se
aproximar. E mais, reflito sobre aqueles pontos brilhantes que um dia me
direcionavam numa noite perdido, quando olhava ao céu...
Penso naqueles amigos que um dia foram reais amigos, que
nunca fugiram de uma onça, de um tigre, mas foram embora quando disse a eles
que eu tinha me casado, e que minhas horas de conversas fiadas – não de
barzinho, -- mas afinadas com a política, religião, estudos, enfim, se foram...
Lembro-me que lia nove a dez livros por ano, e hoje, com o
advento do casamento, leio somente dois, escondidos, dentro do banheiro, ou em
ônibus antes de chegar à casa. É uma luta para recuperar a cultura de um país,
de um homem, de uma família, de uma civilização, enfim, de uma geração, e
agora, tal luta, de luto, apesar de sombria, começa a fazer parte de minha vida.
Amor em casamento é um artigo de luxo, o qual, mais tarde,
coloca-se em uma sacola vazia, de supermercado, com desejo de jogar no lixo.
Mas não vai por completo. Fica a feder nos cômodos da casa, dando esperanças de
reavivar o que tem no latão. Aqui, não é o amor, não é o sentimento, não é a
alma, mas sim, a esperança falsa de revitalizar o que não existe mais... o
Amor.