quinta-feira, 17 de março de 2016

Artigo de Lixo






Amor em casamento é algo que se esquece, que desaparece, toma outro rumo; amor em casamento é como uma estrela que brilhou até o dia em que o desenganado respira fundo e põe a bendita aliança. Não adianta, é a vida (pelo menos a minha).

Fico pensando, o que é isso que assistimos quando levantamos pela manhã, em forma de um disco, cuja claridade parece-nos cegar, mas que, ao mesmo tempo, é tão agradável e simplória que nos rende a esse capricho de maldoso.... Quando eu era solteiro, chamava isso de Sol!

Penso naquele aroma maravilhoso que um dia sentia quando a chuva caía ao chão empoeirado, formado nuvens tenras e ao passo gostosas de se aproximar. E mais, reflito sobre aqueles pontos brilhantes que um dia me direcionavam numa noite perdido, quando olhava ao céu...

Penso naqueles amigos que um dia foram reais amigos, que nunca fugiram de uma onça, de um tigre, mas foram embora quando disse a eles que eu tinha me casado, e que minhas horas de conversas fiadas – não de barzinho, -- mas afinadas com a política, religião, estudos, enfim, se foram...

Lembro-me que lia nove a dez livros por ano, e hoje, com o advento do casamento, leio somente dois, escondidos, dentro do banheiro, ou em ônibus antes de chegar à casa. É uma luta para recuperar a cultura de um país, de um homem, de uma família, de uma civilização, enfim, de uma geração, e agora, tal luta, de luto, apesar de sombria, começa a fazer parte de minha vida.


Amor em casamento é um artigo de luxo, o qual, mais tarde, coloca-se em uma sacola vazia, de supermercado, com desejo de jogar no lixo. Mas não vai por completo. Fica a feder nos cômodos da casa, dando esperanças de reavivar o que tem no latão. Aqui, não é o amor, não é o sentimento, não é a alma, mas sim, a esperança falsa de revitalizar o que não existe mais... o Amor.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Uma luz no fim do túnel...





...Era um trem e passou por cima de mim! Aqueles momentos belíssimos pelos quais passamos, nós homens casados, eram tão somente luzes no fim do túnel, as quais um dia, percebemos, não eram de esperança, mas de um trem imenso... Estamos vivos, entretanto, para contar nossa história cheias de dores pelo corpo, o qual, em pouco tempo, torna-se tábua de passar, ou uma máquina... de lavar roupa.

Passavam, como uma grande propaganda, a ideia de que somente as mulheres que passam, que lavam, que fazem refeições, que cuidam de crianças, que são chicoteadas moral e fisicamente, e são caladas quando falam em demasia. Na realidade, há uma meia verdade nisso... Quer dizer, houve uma época na qual todas elas eram mortalmente discriminadas quando refletiam além de suas necessidades domésticas. Mas também era uma época em que os homens refletiam, iam para as grandes descobertas e suas esposas ficavam em casa a espera dele, do grande esticador de horizontes, do homem real.

Hoje, parece-me vingança! Elas trabalham fora, refletem acerca de suas posições, deixam seus (nossos) filhos em casa, cuidados por babás, (ou babys siters, sei lá...), ou com o guerreiro, que um dia, graças a ele, sabemos que não havia monstros após aquele mar; não havia infernos embaixo da terra; e mais, muito mais...!  Mas o respeito se foi, os sistemas que geraram a perda de identidade nos fizeram sucumbir.

Contudo, podemos nos reerguer! No lavar de uma louça, no lavar de uma casa, no cuidar de um filho, podemos repensar nossos papéis, refazer a história atual, gritar (baixinho, claro), e quem sabe um dia iniciar uma revolução!

Mas... que elas não saibam.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Grades (O)cultas.












Quando se é solteiro, passamos por uma árvore, sentamos à sombra, dormimos, sonhamos e acordamos com o fruto da bendita ao lado; quando se é casado, a mesmíssima árvore é como uma caricatura de filme de terror; seus cabelos, em forma de folhas, enfeitam a noite, os quais dançam ao som do vento, que assobia trazendo lobos, corvos e seres da penumbra.


A árvore, à que me referi, de dia, é ainda pior. Serve como amarração de uma corda que pode nos salva a vida, se a colocarmos junto ao pescoço, com a ajuda de um banquinho que, de certa altura, pode nos conduzir ao céu quando se ausenta repentinamente dos nossos pés. Então... Crrreeec! Urg! Aaarghh!


Vamos para de falar de coisas boas.


Hoje falam em um tal de sexo. Imagino que seja o gênero de cada um.. não sei. Eu sou do sexo masculino e minha esposa, feminino! Não me lembro de mais nada, mesmo porque das coisas boas, se somos autorizados a lembrar, na verdade, passa-nos somente o dia em que acreditávamos que existia vida além do casamento. Isso, com certeza, não é vida.


Vida não é sobrevida. Não é sobreviver. É assistir a um filme, romanceado; é ir ao teatro e sorrir com peças belas, em nome de um passado que burla nossa alma, e implora que obedeçamos ao pedido dos nossos antepassados gregos.


Vida é viajar e aprender com as paisagens, com o destino, com o sol que nos ilumina, com a chuva que nos lava; com as pessoas que nos dão energia. Viajar é voltar com o coração aberto a novas provas, sejam elas psicológicas, sejam espirituais, enfim... É ter o mínimo de consciência em ter o coração aberto a experiências.


Para o casado, viajar é ir à casa da sogra, é comprar pão todos os dias, na padaria, a cem metros de casa; para o infeliz, casado, viajar é deitar no chão duro, fechar os olhos, sonhar com um lavador de louça automático; é ser reconhecido quando o chão está limpo (isso é viagem).


Assim, de forma lúdica, na camaradagem, com um belo olhar ao sol, visto pelas grades do quarto, sonhamos, viajamos, cantamos e objetivamos um advogado..!