...Com certeza, não é esse!
Antes de meter a aliança no dedo, o coitado sorri, olha nos
olhos da infeliz, que também sorri, e, quando pode, chora, abraça a coitada e
diz.. “Te amo!”. Abençoado por Deus, pelo padre, pelo papa, e pelos presentes
que assistiram ao martírio voluntário do imbecil, a cerimônia termina – claro,
com a aliança brilhando ao longe, com seus dezoito quilates, e com uma sogra,
que morde, atrás.
E depois de ter tomado refrigerante quente na festa, dançado
muito mal, apertado a mão de ninguém sabem quem, parte para o martírio da lua
de mel (que rima com fel). De tão cansado, não faz nada, nem chega perto
recente esposa, que mais se parece com uma das irmãs descabeladas, que foram
hipócritas a noite inteira anterior. Dorme, ronca bem alto, e acorda com o
cunhado gritando ao celular “E, cara, tem mais festa, sai daí, você já fez o
que devia ter feito com minha irmã, vamos lá!”...
Depois dessa poluição sonora pela manhã, desse inicio maravilhoso, a morte já sorri como se
fosse uma criança ao lado da cama. Mas você, forte, continua, levanta, dá um
beijo naquela mulher deitada, que não se parece mais com uma esposa e sim com
um bicho que saiu de dentro de um hospício e se jogou na sua cama. “Socorro –
você diz – e parte para um beijo suicida”.
“Oooh, meu Deus”, você pensa. Mas depois você percebe que Deus é um
brincalhão e volta a ligar para o cunhado dizendo “Já vou”. Na festinha, cada
um com cara de marginal – amigos, inimigos, parentes, cunhados, sogra e uma
amante que se esconde entre os não convidados. Nessa você fica de olho, e dá
graças a Deus pela vida, pelo casamento, até mesmo pela infeliz da mãe dela,
que fica de sussurro com a filha, desde a hora que a gatinha chegou.
De repente, existe vida depois do casamento!
Foi só impressão minha.
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